Ontem o USDA deu mais uma “mãozinha” para os preços do trigo no mercado internacional ao reduzir o estoque interno americano no dia 1º de setembro para o menor estoque em 14 anos.

Em relação às estimativas, o estoque americano de trigo no dia 1º de setembro ficou em 48,44 milhões de toneladas contra estimativas de 50,4 milhões e 58,73 milhões no ano passado nessa mesma época.

• TRIGO (CBOT) +2.70% @ 745.00 ¢/bu
• TRIGO (Euronext) +2.03% @ 263.50 euros/ton

TRIGO CARO

Que virada no balanço do cereal nesses últimos dois meses, saindo de estoques globais folgados para um súbito aperto, provocado pelo clima novamente quente no hemisfério norte e corrida para formação de estoques no Norte da África e Oriente Médio – a Primavera Árabe ainda está quente na memória.

A figura mostra os preços internacionais do trigo, chagando a níveis de 2011-12, durante as revoluções que derrubaram ditadores como Gaddafi da Líbia e Mubarak no Egito.

O preço internacional do trigo está tão caro que o Brasil está vendendo na exportação trigo milling – isso não é nada usual. O mercado não reconhece o Brasil como um fornecedor de trigo para panificação, apenas para o mercado de feed, mesmo que em muitos momentos com qualidade superior (proteína). No entanto, esses negócios só mostram como os importadores estão sem alternativas. Como ficarão os moinhos no Brasil, tendo em vista o impasse do GMO na Argentina, nosso principal fornecedor?

AJUSTES

O USDA cortou a produção de trigo na Rússia de 85 milhões de produção para 72,5 milhões, surpreendendo o mercado. Atualmente as estimativas estão em 75-76 milhões. Após o corte, o USDA reduziu as exportações globais de trigo em 5,7 milhões e reduziu o uso de trigo ração em 3,2 milhões. Com esse ajuste o estoque global de trigo cai para o menor nível desde 2016-17. Outros ajustes:

Austrália: O USDA revisou a produção de 28,5 Mi de tons para 30 Mi e as exportações em +1,50 Mi;

Canadá: O USDA revisou a produção de 31,5 Mi de tons para 23 Mi e as exportações em -5,5 Mi;

Cazaquistão: O USDA revisou a produção de 13,0 Mi de tons para 12,5 Mi e as exportações em -0,3 Mi;

EUA: O USDA revisou a produção de 47,5 Mi de tons para 46,18 Mi – com os números de ontem, o USDA cortou a produção para 44,8 milhões de toneladas, ou seja, para o relatório de O&D de outubro (12) o USDA já assumirá uma produção menor, o que também impactará na oferta global;

Rússia: O USDA revisou a produção de 85,0 Mi de tons para 72,5 Mi e as exportações em -5,0 Mi;

O trigo continua ganhando valor, fruto do aperto dos estoques e crescimento da demanda global, reduzindo de forma considerável o espaço para a substituição do milho nas rações.

PONDERAÇÕES

• Os ajustes do USDA mostram que os estoques globais de trigo menores do que o esperado;
• O USDA deverá cortar os EUA em 1,4 Mi de tons e o Canadá em pelo menos 1,0 Mi;
• O USDA terá que reduzir o uso de trigo para rações;
• O USDA aumentará o uso global de milho? Quem exportará mais? Não há muitas alternativas, uma vez que os grãos substitutos estão muito caros. Essas são questões muito importantes para o próximo relatório de O&D;