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O BEA (Bureau of Economic Analysis) divulgou há pouco o PCE Core (Personal Consumer Expenditures), que é o principal índice de inflação utilizado pelo Fed para adoção de política monetária.
Referente a agosto, o índice que excluí a variação do preço de alimentos e energia, registrou alta mensal de 0,3%, levemente acima do esperado pelos analistas (0,2%) e em linha com o reportado em julho.
No acumulado em 12 meses, o índice registrou alta de 3,6%, em linha com a expectativa do mercado e do observado no mês anterior. Vale salientar que o resultado em 12 meses ficou bem acima da meta estabelecida pelo Fed, que é de 2%.
ENERGIA PRÓXIMO DAS MÁXIMAS EM 13 ANOS
O índice cheio do PCE registrou alta mensal de 0,4% e de 4,3% no acumulado em 12 meses. A diferença entre o índice cheio e o núcleo se dá por conta da forte pressão inflacionária de energia nos EUA.
Em agosto, o custo com energia subiu 1,9% no mês, após forte alta de 1,7% em julho. Com o resultado do oitavo mês do ano, o acumulado em 12 meses passou de 23,8% em julho para 25% em agosto. Esse nível está próximo da máxima do ano que foi de 27,6% em maio e antes disso, só tivemos preço tão elevado em 2008, quando o preço do petróleo havia batido US$ 140 por barril.
A disparada no preço do gás natural e do petróleo em 12 meses é o motivo para a forte pressão nos custos de energia na maior economia do mundo. Entre agosto de 2020 e 2021, o preço do gás natural registrou forte alta de 66,4% e o petróleo de 60,8%.
E setembro deverá manter em aceleração o preço da energia na terra do tio Sam, já que apenas nos últimos 30 dias o preço do gás natural subiu 30,4% e o petróleo 9,6%.
Aumento da demanda, por conta do verão mais quente no hemisfério norte, e redução da oferta, principalmente, do gás natural por conta do acordo de Paris (política verde), trouxe essa forte pressão de alta tanto para o petróleo quanto gás natural nos últimos meses.
RENDA CRESCE, MAS CONSUMO DESACELERA
Juntamente com o índice inflacionário PCE Core, o BEA divulga também os dados de consumo pessoal e renda pessoal.
Após alta de 1,1% em julho, a renda pessoal subiu 0,2% em agosto, levemente abaixo das estimativas do mercado (0,3%).
Apesar da desaceleração em agosto há uma alta recente consistente, que é fruto do aumento dos salários no setor privado, refletindo a dificuldade de achar mão-de-obra nos EUA. Ademais, aumento dos benefícios socias pelo governo também contribuiu para esse forte crescimento da renda das famílias.
Apesar do mercado de trabalho nos EUA ainda estar longe de recuperar as vagas perdidas desde o início da Pandemia (acumula 5,3 milhões de cortes de postos de trabalho), o excesso de auxílio desemprego e emergencial tem desestimulado as pessoas a retornarem a trabalhar. Elas preferem ficar recebendo seus auxílios, que podem chegar até US$ 800 por semana.
E por conta disso, há uma escassez de mão-de-obra para o mercado de trabalho, o que acaba forçando as empresas a pagarem maiores rendimentos para conseguir contratar novos colaboradores. Essa situação adversa tem sido bastante observada no setor de construção civil e chão de fábrica.
Refletindo a disparada da renda em julho, o consumo pessoal em agosto cresceu 0,8%, acima do esperado pelos analistas (0,6%). O resultado reverte a contração de 0,1% em julho.
RESULTADO TEM POUCO IMPACTO SOBRE O MERCADO, MAS REFORÇA TAPERING
Os resultados sem grandes novidades tiveram pouco impacto sobre o preço dos ativos de risco ao redor do globo, que buscam uma recuperação na primeira sessão de outubro, após forte perda acumulada em setembro. Nesse quadro, o dólar opera em queda frente as moedas dos países emergentes e desenvolvidos e as bolsas sobem no Brasil e EUA.
Apesar disso, a inflação se mantendo em nível bem acima da meta reforça a visão de que o Fed deverá em breve começar a retirar os estímulos monetários (tapering), já que a autoridade monetária dos EUA tem se mostrado recentemente preocupado com a inflação na maior economia do mundo. E o tapering só não começou ainda por conta do recente avanço da Covid nos EUA.