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O IBGE divulgou há pouco o IPCA-15 de julho, que registrou alta mensal no período de 0,72%, acima do esperado pelo mercado (0,64%). Essa é a maior alta mensal para esse mês desde 2004 (0,93%). Apesar disso, o número ficou levemente abaixo do reportado em junho (0,83%).
No acumulado do ano, a inflação já registra alta de 4,88% e no acumulado em 12 meses subiu 0,46 p.p., passando de 8,13% para 8,59%, bem acima do teto da meta (5,25%).
ENERGIA E COMBUSTÍVEIS PUXAM INFLAÇÃO EM MAIO
Dos nove grupos pesquisados, sete registraram alta mensal. O maior impacto inflacionário (0,33 p.p.) em julho foi do grupo habitação, com forte alta mensal de 2,14%, após alta de 1,67% no mês anterior.
O reajuste de 52% no valor adicional da bandeira vermelha patamar 2, fez com que o custo a cada 100 kWh consumido passasse de R$ 6,243 para R$ 9,492, trazendo um incremento no preço da energia elétrica no país de 4,79%.
Além da energia, outros itens trouxeram pressão inflacionária para a casa dos brasileiros. O preço do botijão de gás disparou 3,89% e do gás encanado saltou 2,79%.
Outro grupo que teve importante impacto foi transportes, com alta de 1,07%, após salto de 1,35% em junho. O impacto desse grupo sobre o índice geral foi de 0,22 ponto percentual. Os itens que mais subiram nesse grupo foram: passagens aéreas (35,64%), transporte público (4,14%) e gasolina (0,50%).
Vale salientar que a gasolina acumula forte alta de 40,32% em 12 meses, reflexo da alta do preço do petróleo no mercado internacional e depreciação da nossa moeda desde início de 2020.
Os outros sete grupos que tiveram alta mensal em julho foram: alimentação e bebidas (0,49%), Artigos de Residência (0,81%), Vestuário (0,58%), Despesas pessoais (0,36%) e Educação (0,12%).
Na ponta contrária, gastos com Saúde e Cuidados Pessoais recuaram 0,24% após alta de 0,53% em junho e Comunicação cedeu 0,04% em julho depois de subir 0,15% no mês anterior.
RESULTADO REFORÇA VISÃO DE APERTO MONETÁRIO ACIMA DA TAXA NEUTRA
O resultado do IPCA-15 acumulado em 12 meses, ultrapassando com sobras o teto da meta (5,25%), reforça a visão do Copom, de que seguirá subindo a taxa Selic na próxima reunião da autoridade monetária (04/agosto). Tanto na ata quanto no comunicado da última decisão, o BC sinalizou mais um aperto monetário de pelo menos 0,75 ponto percentual, o que levaria a Selic para 5,00% ao ano. E deixou em aberto um aperto monetário ainda maior, que seria de 1 ponto percentual.
Subir juros se faz necessário, principalmente, para trazer nossa taxa de juros real para o campo positivo e assim, proporcionar apreciação da nossa moeda, o que teria efeito deflacionário no país, especialmente, sobre alimentos e transportes, os dois grupos com maior pressão inflacionária no acumulado em 12 meses, com altas de 12,82% e 15,25%, respectivamente. Já para o grupo de habitação, que acumula alta de 10% em 12 meses, precisamos que as chuvas na primavera no Brasil venham com bons volumes, já que 70% da produção da nossa energia elétrica vem de fontes hídricas.
A forte depreciação da nossa moeda desde janeiro do ano passado cobrou seu preço com perda de poder de compra da nossa população (inflação) e agora a autoridade monetária tem que correr atrás do prejuízo. Como demorou demais para abandonar a errática política de juros de 2% ao ano, a dose do remédio agora tem que ser maior para trazer a inflação desse ano para levemente acima do teto da meta e ancorar as expectativas para 2022 no centro da meta, que será de 3,5%.
Diante desse quadro, o relatório Focus sinaliza que a Selic encerrará 2021 em 6,75% ao ano. Porém, vale salientar que esse é o piso das apostas, com algumas instituições financeiras esperando até 7,25% ao ano no fim desse ano.
Portanto, a demora em agir por parte do Bacen trará nossa taxa de juros acima do que é considerado a taxa neutra de juros (que não estimula e nem gera contração para atividade econômica), que é em 6,5%. Quando se erra a mão em política monetária, o preço a pagar é sempre caro. E a expectativa hoje é que iniciaremos 2022 com novo aperto monetário. Ou seja, taxa Selic abaixo de 6,5% será coisa do passado, pelo menos, até 2023.
E finalizando, a expectativa de alta de juros reforça o fundamento baixista para o dólar no curto e médio prazo, desde que Brasília não atrapalhe, algo que infelizmente tem ocorrido com certa frequência nesse mês de julho.
GRÁFICO DO DIA
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